A origem dos instrumentos de cordas friccionadas está ligada ao surgimento do arco (Instrumentos de cordas dedilhadas são certamente o tipo mais antigo), e é possível que sua utilização inicialmente tenha se dado com a simples fricção da vara de madeira sobre as cordas. A utilização da crina animal aparentemente não faz parte deste primeiro estágio de sua construção e, até os dias de hoje, não foi possível encontrar indícios sobre o uso do arco na música da Antiguidade Clássica. Admite-se, no entanto, que o arco tenha sido importado da Ásia pelos árabes ou pelos povos nórdicos. Sobre sua evolução, se ela haveria ocorrido no norte da Europa, Oriente Médio, Índia ou Ásia Central, pouco se sabe. O mistério permanece... Talvez o arco tenha surgido em vários lugares, assim como ocorreu com várias das grandes descobertas fundamentais da humanidade!
Desde o século XI encontram-se na Europa os dois tipos principais de instrumentos a arco:
instrumentos cuja caixa de ressonância é piriforme (semelhante ao formato de uma pera, abaulados).
instrumentos de corpo plano, oval ou elíptico, cujo tampo, pouco abaulado era ligado ao fundo por peças laterais.
O ravanastron (instrumento que teria pertencido a um rei indiano, 5 mil anos A.C), o rabab ou rebab (Instrumento muito antigo, utilizado principalmente na Pérsia, Arábia e Norte da África) a rabeca (instrumento medieval da Europa meridional, cuja utilização se deu a partir do contato com mercadores e artistas muçulmanos; também conhecida na França pelos nomes de rubebe, rebel ou rebec...) e ainda muitos outros instrumentos mais ou menos rudimentares, porém muito antigos, são considerados precursores do violino.
Na Idade Média, desde o século XI encontram-se na Europa a viela e a rota (do original em italiano), uma simples representação da cítara antiga: a fim de a utilizar como instrumento de arco e de reproduzir diferentes sonoridades com o efeito de se encurtar o comprimento das cordas, foi colocada uma peça lisa de madeira (no violino, viria a ser conhecida como “espelho”), entre a caixa de ressonância e a barra transversal superior da cítara.
Ao longo dos séculos X e XI,a rota já havia se disseminado por toda a Europa Central (como o testemunha nossa iconografia), e veio a ser suplantada pela viela somente no século XII. A partir daí, surgem outros pequenos instrumentos apoiados sobre o ombro esquerdo ou contra o peito do instrumentista, e não mais unicamente sobre os joelhos, como era habitual.
A partir do século XII encontramos uma forma ligeiramente “chanfrada”, semelhante à do violão moderno, e que representava a última fase de evolução da viela. Já na Idade Média, este instrumento passa a ocupar um lugar preponderante, o que pode ser explicado por sua maneabilidade, alcance sonoro, bem como a possibilidade que ele oferece de produzir facilmente uma grande variedade de notas.
O número de cordas passa logo de uma ou duas, para três ou quatro. Desde o início do século XII, encontra-se a forma clássica da viela a cinco cordas, que se conservará até o século XVI. Pouco a pouco foram introduzidas as madeiras laterais, a fim de se melhor utilizar o arco. (...) De certa forma, gradualmente estes instrumentos de cordas típicos da Idade Média passam a dar lugar à Viole de la Renaissence (viola da renascença), de início construída com um furo redondo no tampo superior que, pouco a pouco, se transforma em dois orifícios em forma de “C”.
Antes mesmo do ano de 1500 aparecem diversas combinações destes tipos primitivos citados até aqui: três outras famílias de instrumentos, a saber, a Viola da Gamba, a Lira da Braccio e a Viola da Braccio, e é desta última família de onde surgirá o violino.
A Viola da Braccio resulta da redução do número de cordas da viela (a três ou quatro), da adoção do cavalete, das cravelhas laterais, assim como, a afinação em quintas, que são características da rabeca e que melhor convêm a pequenos instrumentos de braço, uma vez que permitem uma melhor maneabilidade e utilização dos quatro dedos da mão, aumentando assim a extensão do número de notas. Percebe-se que as laterais são muito mais baixas que as da Viola da Gamba e suas curvas se tornam mais acentuadas. Quanto aos dois orifícios, que no início eram ainda na forma de “C”, adquirem rapidamente a forma “f”, assim como se vê nos violinos.
É desta forma que, ao longo de séculos, o violino propriamente dito vai adquirindo sua forma. Como é possível constatar, suas origens são muitas; cada uma de suas partes é resultado de um processo evolutivo, de maior ou menor complexidade, cujo início é difícil de se determinar; cada uma de suas partes tem, portanto, sua história. Instrumento de genealogia caótica, o violino é um “todo em si mesmo”, reunindo em um só instrumento muitos destinos...
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